Paulo Mota
Diretor de Marketing & Vendas, SETLEVEL
A mudança de um todo apenas se torna estável quando temos em conta o desenvolvimento harmonioso das partes que o compõem. Isto é também válido para a sociedade em que nos inserimos, e as diversas componentes que a constituem (sendo o tecido empresarial local uma delas). Damos assim o mote inicial para o tópico deste artigo, a importância de incentivar o tecido empresarial local a abraçar o conceito de responsabilidade social.
Comecemos por clarificar o conceito. Por “responsabilidade social corporativa” entendemos a iniciativa das empresas em contribuir para os contextos sociais que as rodeiam, tanto a nível interno como externo. E uma das premissas-base dessa ação: ao agir localmente na alteração de condições e contextos comunitários, constroem-se assim bases sólidas para a realização de mudanças de âmbito mais alargado, na sociedade em geral. Uma máxima popular remete-nos para este princípio: “agir localmente, pensar globalmente”.
Tradicionalmente, a tarefa de desenvolvimento comunitário local é confiada às autarquias e outros agentes do domínio público. Mas a mudança raramente se processa num ponto focal único. O que dizer então da iniciativa privada, que constitui na maioria dos casos a principal componente de desenvolvimento económico e socioprofissional de uma comunidade? Numa primeira análise, podemos falar de um conjunto de eixos potenciais para a atuação das empresas nas suas comunidades locais (consultar imagem 1).
A intervenção externa no ensino pode ocorrer a diferentes níveis, que auxiliem os agentes educativos nas suas missões, tais como a melhoria de condições de ensino, a qualidade desse mesmo ensino, e a adequação dos conteúdos abordados às necessidades reais do mercado de trabalho. Para as empresas, o apoio às instituições educativas (sejam elas especializadas ou gerais) representa antes de mais um investimento no futuro: ao apostar nos alunos, que constituem a próxima geração atuante do mercado de trabalho, garantem-se os meios técnicos e profissionais para o crescimento. E ao apostar nas escolas, promove-se a criação de condições para o revelar do potencial de cada formando, bem como uma adequação do empenho individual às necessidades dos mercados local e/ou nacional. As empresas tendem assim a ser um dos principais catalistas e beneficiários (enquanto empregadores) deste investimento, beneficiando de acesso a mão-de-obra devidamente qualificada e mais recetiva à formação específica. E a nível local, em Vila Nova de Famalicão, assiste-se a um investimento corrente na educação, através da Rede Local de Educação e Formação. Procura-se através do mesmo fomentar o investimento, e catalisar o desenvolvimento económico e social de um concelho que possui historicamente uma forte ligação à indústria (com especial ênfase nos setores têxtil e de vestuário, madeira, metal, alimentação, e borracha).
É no seguimento desses investimentos que interessa ao tecido empresarial promover a criação de emprego, enquanto garante da sua própria sustentabilidade futura. Essa iniciativa pode ser feita em diversos formatos, por exemplo através de vínculos contratuais estáveis ou através da realização de estágios profissionais temporários (cabendo a cada instituição escolher qual o formato que melhor se adequa às suas capacidades e necessidades). Nesta tarefa, podem contar com o auxílio de mecanismos públicos locais, como por exemplo o Centro de Emprego do Baixo Ave, que intervém nos concelhos de Vila Nova de Famalicão, Trofa e Santo Tirso. Este organismo dispõe portanto de informação e diversos apoios para esse fim.
Enquanto geradoras de recursos e riqueza, as empresas possuem também uma posição privilegiada para contribuir para as instituições de apoio social, dependendo das causas que cada uma abraça. Alargue-se o âmbito de visão do conceito de apoio social: para além do entendimento mais imediato que se tem do termo, relativo ao apoio prestado aos elementos menos favorecidos da comunidade, há ainda uma vertente mais imediata, no acto de conhecer os contextos sociais nos quais os trabalhadores e suas famílias se inserem e desenvolver as estruturas sociais de apoio que os podem suportar nas suas vidas pessoais, dando um primeiro passo para assegurar as condições que permitem a obtenção de maior produtividade nas vidas profissionais (um trabalhador que se consiga concentrar no trabalho, sem preocupações de natureza pessoal, tem tendencialmente um maior potencial produtivo).
O associativismo é ainda uma outra forma-chave de contribuir para o cumprimento de objetivos de natureza socioeconómica. Através da procura de pontos em comum, e da agregação em torno de uma estrutura dinâmica de iniciativa coletiva, reduzem-se os custos e esforço de alcançar benefícios comuns. Estes benefícios podem ser de natureza social, económica, de intervenção pública, entre outros.
Finalmente, promovendo o respeito pelas normas ambientais, favorece-se a qualidade de vida e reduzem-se por vezes custos operacionais (através da implementação de meios de gestão e/ou reciclagem de desperdício). E esses objetivos podem ser atingidos através da aposta na triagem de materiais, e da observância da legislação relativa à eliminação de resíduos com cuidados especiais.
Mas não se pode no entanto discutir um tema sem procurar, mesmo que de forma modesta, colaborar no exemplo. E na SETLEVEL, parte integrante do tecido empresarial de Vila Nova de Famalicão há já uma década, procura-se gradualmente atuar em conformidade com estes eixos. A política de responsabilidade social corporativa a ser implementada tem já dado os primeiros passos e frutos concretos:
• Apoio pontual, desde 2012, a duas instituições de apoio social da região Norte;
• Colaboração formal no desenvolvimento do ensino técnico local, através de um protocolo de colaboração com a FORAVE, desde 2013;
• Ao longo dos últimos anos a criação de estágios profissionais deu já lugar ao estabelecimento de vínculos profissionais sem termo definido, incluindo-se nos mesmos alunos provenientes da FORAVE (promoção do emprego jovem local);
• Encontra-se em curso a implementação de normas de separação e eliminação de desperdícios operacionais especializados;
• O caminho futuro reside em procurar novas formas de colaborar sinergicamente, com o tecido empresarial e com a comunidade.
São estas algumas das formas através das quais as empresas assumem um papel central no desenvolvimento comunitário. Sendo a responsabilidade social corporativa um processo que apenas é possível através de coordenação de esforços dos mais variados agentes sociais (educacionais, políticos, empresariais públicos e privados), nunca é demais apostar na consciencialização dos mesmos para esse fim, em busca de objetivos comuns, e acima de tudo na identificação e criação de soluções para as necessidades existentes.
Paulo Mota
Diretor de Marketing & Vendas na empresa SETLEVEL
http://www.linkedin.com/in/motap
SETLEVEL é uma empresa de automação e soluções IT localizada em Vila Nova de Famalicão. Com formação de base na área de Psicologia e experiência em empreendedorismo, acompanha com interesse intervenções de natureza social e de desenvolvimento local, principalmente quando coordenadas com a iniciativa empresarial.
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